Caso Alana: Delegada afirma que responsáveis serão ouvidos pela polícia.

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A delegada Juliana Tuma, titular da Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca), declarou que os pais de Alana Kamile Silva Ferreira, de apenas 6 anos, serão ouvidos pelas autoridades para esclarecer as circunstâncias do trágico acidente que tirou a vida da criança. Alana faleceu em 21 de março, após ser atropelada e esmagada por um caminhão de lixo na rua 11, localizada na comunidade União da Vitória, bairro Tarumã, na zona oeste de Manaus. A menina chegou a ser socorrida na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Campos Sales, mas não resistiu aos ferimentos.

Segundo a delegada, Alana estava sozinha no momento do acidente, o que levanta questionamentos sobre a possibilidade de abandono de incapaz com resultado de morte. Os responsáveis pela criança serão chamados à delegacia para prestar esclarecimentos. Em paralelo, a Delegacia Especializada em Acidentes de Trânsito está investigando a atuação do motorista do caminhão de lixo envolvido no incidente, que já prestou depoimento. No entanto, detalhes adicionais estão sendo mantidos sob sigilo para não prejudicar o andamento das investigações.

O caso ganhou uma análise reflexiva do sociólogo Lúcio Carril, que destacou o modo como a sociedade ainda enxerga a infância de maneira instrumental. Ele apontou que crianças, ao atingirem certas capacidades, como andar e falar, são frequentemente tratadas como pequenas adultas, ignorando-se as limitações próprias do desenvolvimento infantil. Carril afirmou que uma criança de seis anos não possui discernimento suficiente para avaliar perigos reais e que ela se relaciona com o mundo a partir de uma perspectiva idealizada.

O sociólogo também contextualizou historicamente a questão, lembrando que a proteção à infância é uma conquista recente. Até o século XVIII, crianças eram frequentemente exploradas como mão de obra, submetidas a condições degradantes e desumanas.

Dados fornecidos pelo Painel de Indicadores da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) mostram que, nos últimos dois anos, nove crianças foram vítimas de acidentes de trânsito no estado. O caso de Alana é o único com desfecho fatal, o que traz à tona a necessidade de discutir políticas de segurança e proteção para crianças.

Testemunhas relataram que, no momento do atropelamento, Alana estava a caminho de uma padaria para comprar pães, segurando uma cédula de R$ 2. Imagens de câmeras de segurança capturaram a menina atravessando a rua sem observar o tráfego antes de ser atingida pelo caminhão de lixo.

As autoridades seguem empenhadas em esclarecer o caso e identificar responsabilidades, com o propósito de reforçar a proteção aos direitos das crianças e prevenir novas tragédias semelhantes.

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